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PIB Mineiro Decresce em 2014

 

Segundo a Fundação João Pinheiro (FJP), o Produto Interno Bruto de Minas Gerais reduziu 1,1% no ano de 2014, em relação a 2013. Os impactos do longo período de escassez de chuvas sobre a atividade agropecuária e sobre a geração de energia elétrica, aliados ao arrefecimento da atividade econômica no Brasil, potencializaram a queda da atividade. A variação preliminar real do PIB estadual no ano foi influenciada pelo resultado negativo do segundo trimestre de 2014 quando o PIB de Minas retraiu 4,2% (na comparação com os três primeiros meses do ano, após ajuste sazonal). 

No acumulado de 2014, a variação negativa do PIB mineiro resultou da retração da atividade na agropecuária e na indústria de -4,1% e -3,0%, respectivamente, enquanto nos serviços houve pequeno acréscimo de 0,2% no volume do valor adicionado.

 

 

A indústria registrou queda de 3,0% em 2014, influenciada fortemente pela instabilidade na indústria de transformação, com descompassos entre produção e acumulação de estoques indesejados. Apesar do período de ajustes, com demissões e fraco ritmo de produção, a indústria permaneceu superestocada. Aliado a este cenário, o aumento dos custos de energia contribuiu para um cenário de pressão inflacionária sobre insumos essenciais para os setores eletrointensivos, dificultando ainda mais a recuperação do setor industrial. 

Na indústria de transformação a queda foi de 4,8% no ano, registrando o pior resultado desde o auge da crise econômica de 2009. A performance esteve relacionada com o desempenho desfavorável na produção das categorias de bens de capital e duráveis, intrinsicamente ligados à formação bruta de capital fixo. Dentre os setores, os decréscimos mais intensos na produção foram verificados em veículos automotores (-18,5%), produtos de metal (-14,8%) e de máquinas e equipamentos (-6,9%), todos vinculados à realização de investimentos em capital fixo. A queda no setor de metalurgia (-1,2%) também foi importante para explicar o resultado, dada à importância do setor na estrutura produtiva industrial do estado. 

Na construção civil o excesso na oferta de imóveis residenciais e a restrição do crédito em virtude da elevação das taxas de juros ao longo de 2014 culminaram na retração de 4,9% no nível de atividade. O setor de produção e distribuição industrial de energia e saneamento também apresentou contração de 1,0% no ano. Como não há evidência de que o consumo de energia tenha reduzido significativamente, o resultado foi impactado pelo lado da geração de energia, em virtude do baixo nível de água dos reservatórios no estado. A indústria extrativa foi a única atividade industrial a registrar expansão, com acréscimo de 1,4%, mesmo em um cenário de queda vertiginosa nos preços das commodities. 

A queda da atividade agropecuária no ano (-4,1%) foi decorrente do longo período com precipitações pluviométricas abaixo do esperado, prejudicando consideravelmente o desempenho da agricultura com impactos relevantes na safra de grãos. Os efeitos mais severos da estiagem na agricultura em Minas, explica a diferença entre o resultado do estado em relação ao desempenho da atividade nacional. 

A perda de dinamismo do setor de serviços (0,2%) ocorreu através de dois canais principais: como fornecedor de insumos para a agropecuária e a indústria, principalmente no comércio e nos transportes, e pela queda da massa salarial, fator determinante da demanda de consumo dos serviços finais. 

Os fatores responsáveis pelo fraco resultado de 2014 permanecerão no cenário econômico de 2015, agravados pelo aumento do nível de desemprego, inflação persistente, ajuste fiscal, efeitos da Operação Lava Jato, queda dos investimentos, desaceleração da massa salarial, baixa confiança de empresários e consumidores, pelos juros elevados. Para o estado, os efeitos da desaceleração deverão ser ainda mais intensos influenciados, em grande parte, pela menor diversificação industrial. Fatores como o menor crescimento chinês, a redução do preço das commodities e a crise Argentina impactarão fortemente o resultado mineiro em 2015. A expectativa, segundo a FIEMG, é de que o PIB de Minas Gerais reduza 1,82% em 2015 e cresça 0,48 em 2016. O resultado de 2016 será influenciado pela baixa base de comparação e pela perspectiva de sucesso do ajuste fiscal. 

A publicação completa "Produto Interno Bruto de Minas Gerais" pode ser acessada aqui.

 
Fonte: Assessoria Econômica - FIEMG